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16 luglio 2008

Un'altra opinione sul tema del precedente post

Ingrid Betancourt e a situação das Farc

Pedro Santana Rodríguez*
Tradução: Margaret Chen - Ibase

11/7/2008
A libertação de 15 seqüestrados em poder das Farc – alguns por cerca de 10 anos e a maioria por mais de seis anos – não apenas constitui uma vitória política para o governo do presidente Uribe e para as Forças Armadas da Colômbia. Representa, talvez, o mais duro revés militar das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Este revés se soma à perda de Manuel Marulanda Vélez, líder máximo do grupo durante toda a sua existência (1964), que morreu devido a infarto, em março. Houve também a perda de Raúl Reyes em uma operação militar no Equador, em março, e o assassinato de Ivan Rios, por sua guarda pessoal, em abril.
Houve também a morte de Martín Caballero, líder máximo das Farc nos departamentos da costa atlântica da Colômbia, assim como a morte de Gustavo Rueda Díaz, conhecido como “Negro Acácio”, coordenador das operações relacionadas com o narcotráfico, e a morte de Milton Sierra Gómez, conhecido como JJ, em Boaventura.
Estas perdas representam golpes muito fortes na estrutura militar das Farc. A ofensiva militar contra a guerrilha após a ruptura e o fracasso dos diálogos de paz iniciados pelo governo de Andrés Pastrana Arango (1998-2002) – o que propiciou o triunfo de Álvaro Uribe Vélez nas eleições de maio de 2002, precisamente quando Ingrid Betancourt foi seqüestrada – mostra um equívoco político no comando guerrilheiro.
Durante o governo de Pastrana, enquanto negociações ocorriam na zona desmilitarizada de Caguán, iniciou-se um processo de reestruturação das Forças Armadas com o apoio dos Estados Unidos. O golpe mais certeiro, não percebido pelo comando guerrilheiro, foi, provavelmente, a falta de decisão para negociar. Tal fato não só causou isolamento como conduziu a uma estrondosa derrota política.
Uribe recebeu um mandato para uma guerra sem quartel e, como resultado, causou a retirada da guerrilha em direção ao interior da selva, debilitando a ação militar das Farc.
A guerrilha enfrenta graves problemas de comunicação entre suas frentes e o comando nacional. Também enfrenta problemas logísticos, além deste último revés militar e da entrega de “Karina”, uma das guerrilheiras mais sanguinárias da história do grupo, mostrando que também enfrentam problemas de desmoralização de seus comandos médios e em suas bases. Centenas de deserções são resultado da situação que atravessam.
A libertação de Ingrid Betancourt, junto com outros 11 colombianos e três norte-americanos, é uma excelente notícia. O seqüestro é um delito abominável. Estas pessoas jamais deveriam ter sido seqüestradas e muito menos em nome de um suposto processo de luta revolucionária. O desprestígio e o ódio que muitos setores da população colombiana manifestam contra as Farc estão relacionados, para a maioria, com a prática do seqüestro e com o desprezo e a prepotência que a guerrilha sempre demonstrou pelos direitos da população civil.
As Farc deveriam libertar sem condições ou, pelo menos, sentar para negociar um acordo humanitário para que as pessoas seqüestradas possam recuperar a liberdade o mais rápido possível. Há cerca de 25 pessoas, entre civis e militares, em poder da organização, a espera de permuta por guerrilheiros presos nas penitenciárias e prisões. Porém, até agora, este intercâmbio humanitário tem sido impossível devido às posições intransigentes tanto do governo quanto das Farc.
Enquanto as guerrilhas pedem uma zona desmilitarizada para a negociação, o governo nega e, agora com o resgate dos 15 seqüestrados, goza de uma posição de força vantajosa e uma opinião pública amplamente favorável a sua posição intransigente.
As Farc deveriam acelerar a entrega dos seqüestrados e, para isso, como proposto por Ingrid Betancourt, poderiam contar com a mediação do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ou do presidente do Equador, Rafael Correa. Mas a aceleração deveria ser uma exigência de democratas não somente com relação àqueles que chamam de “permutáveis”, mas para os cerca de 700 seqüestrados que as Farc mantêm em cativeiro.
Perspectivas das Farc
Muitos analistas vêm prognosticando a derrota militar das Farc e o mesmo fazem o governo e os comandos militares. É verdade que sofreram duros golpes e enfrentam sérios problemas, mas estão longe da derrota militar.
Talvez o maior problema que enfrentam seja político. Suas ações fortaleceram um processo de “direitização” do país, a ponto da pergunta formulada por muitos ser sobre a possibilidade da derrota militar ter levado a um tipo de “ditadura civil”, ou seja, um regime que não respeita a divisão dos poderes, que acusa sem prova, no qual juízes das mais altas cortes são aliados das guerrilhas e dos narcotraficantes. Um governo que se beneficia dos paramilitares, que tem 58 de seus parlamentares investigados por ligações com estes grupos armados ilegais e se nega a apoiar uma reforma política para tirá-los do Congresso. Enfim, um governo que compra o voto definitivo para sua reeleição. Este governo, com todos os problemas de legalidade e de legitimidade, goza de uma popularidade superior a 80%, segundo as pesquisas.
É preciso dizer de maneira clara: as Farc se transformaram na tábua de salvação do governo quando ele mais precisava. O resgate dos 15 seqüestrados, incluindo a mais visível de todas, Ingrid Betancourt, ocorre no momento em que a Sala Penal da Corte Suprema de Justiça comprovou que Yidis Medina vendeu seu voto para que a reeleição fosse aprovada em 2004, no Congresso da República; quando essa mesma Corte examinou e legalizou documentos para que a Corte Constitucional decidisse sobre a legalidade do Ato Legislativo que permitiu a reeleição; no momento em que o Procurador Geral da Nação formulou denúncia contra um ex-ministro do Interior de Uribe, Sabas Pretelt de la Veja, e contra o ministro de Proteção Social, Diego Palácio Mejía, ao mesmo tempo em que formulou denúncias contra o secretário geral da Presidência da República.
Com esta libertação, colombianos pareceriam dispostos a perdoar todos os desmandos do governo de Uribe, que, em meio à euforia da libertação dos seqüestrados, manteve sua proposta de convocar um referendo para repetir as eleições de 2006 e arrefeceu, sem provas, as denúncias sobre as ligações entre os mais altos magistrados da Justiça e terroristas e narcotraficantes.
A disposição autoritária de Uribe pode nos conduzir a um tipo de ditadura civil. E o mais grave é que, com exceção do setor judicial que enfrentou com valor o desafio, o resto dos organismos estatais brilha por sua ausência e a maior parte da sociedade civil respalda politicamente o governo.

*Presidente do Instituto Viva a Cidadania (Corporación Viva la Ciudadanía)
http://www.viva.org.co/

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